13 de jul. de 2014

Slack no centro urbano - Intervenção

Como morador da Florianópolis, sei quanta história o centro desta cidade carrega, e sei também quanto desta vem se perdendo com o enorme crescimento urbano que estamos presenciamos por aqui.

Há algum tempo tenho prazer em realizar intervenções, buscando sempre uma atenção pra assuntos esquecidos e deixados de lado. Já fiz parte do Coletivo Sem Fronteiras (site) que através de intervenções urbanas promovia o uso de áreas verdes, pouco conhecidas e divulgadas na cidade. Chegamos a realizar uma vaga verde no centro da cidade, usando de um local destinado aos carros para criação de um espaço de lazer público (matéria). Passado tanto tempo percebi que agora era hora de voltar com este conceito para o centro, só que com outra ferramenta, o slack.

A ideia é usar locais centrais de grande movimentação e se apropriar destas regiões através do slack. Aos moradores de capitais que enfrentam dificuldades em seu deslocamento diário, parece ideia de maluco. Como conseguir andar de slack em locais cheios de pessoas e seus utilitários? Bom, a solução foi o bendito jogo do Brasil. Não teria momento melhor: centro vazio, ruas sem carros e espaço de sobra para curtir um slack.

Ao optar por trocar a televisão pelo slackline, não imaginava que tomaria uma decisão tão acertada. Já não sou dos maiores fãs de futebol, mas me senti muito feliz pela minha escolha, valorizando minha paixão e não me adaptando ao trivial, que seria assistir ao fatídico jogo em uma reunião de amigos.

Para registrar o momento, contei com a presença de uma amiga Francesa recém chegada no Brasil que estava passando uns dias hospedada em minha casa. Conheci Chloé Barbadour através do Couchsurfing, aonde você pode hospedar viajantes de todo o mundo. Ela esta vindo cursar engenharia elétrica por um período de um ano na UFSC, deixando a vila de Grenoble na França para aventurar-se comigo em pleno centro fantasma da ilha da magia.
Ela gostou da ideia tanto por já praticar slack e como por não ser muito fã de futebol. Não se arriscou a andar mas tomou conta dos registros e de sempre dar uma espiada na TV para saber o resultado parcial do jogo.

Iniciamos em frente a catedral metropolitana, alguns minutos antes do jogo começar e as ruas de terça-feira já encontravam-se vazias. Alguns adolescentes aproveitavam da ocasião para andar de skate, enquanto outro grupo utilizava desse aspecto incomum para gravar um filme.

Foto: Chloé Barbadour

Foto: Chloé Barbadour

Foto: Chloé Barbadour


A linha foi esticada entre dois postes em frente a igreja. Com uma distância aproximada de 30 metros foi perfeita para quebrar o gelo da experiência que começava. Aproveitamos por meia hora, e seguimos para a praça da alfândega.

Foto: Chloé Barbadour

Foto: Chloé Barbadour

Foto: Chloé Barbadour

Local de passagem, tinha a movimentação de moradores de rua e trabalhadores que após o expediente seguiam para suas casas. Tive a companhia de alguns desses curiosos moradores, uns por simpatia outros por excesso de álcool. Todos eles aproximavam-se e tiravam suas dúvidas.

Foto: Chloé Barbadour

Foto: Chloé Barbadour


Após esse momento no centro, seguimos em direção a av. Gama D'eça. Já era início de noite, horário de máxima movimentação nessa região no dia a dia, porém o cenário era diferente. A rua estava deserta, passavam ônibus e táxis em grandes intervalos, tempo suficiente para uma brincadeira e outra. A fita conectava duas árvores da Avenida, foi montada no estilo rodeo (aonde não se tensiona o equipamento), facilitando assim caso tivesse a necessidade de desmontar para a passagem de um ônibus.


Foto: Chloé Barbadour

Pessoal não prestava mais atenção no jogo. Foto: Chloé Barbadour

 Surfando Foto: Chloé Barbadour

Pouco tráfego, motivo de atenção dobrada. Foto: Chloé Barbadour

Após duas horas de muita diversão e slack, segui de volta a minha casa e vi o movimento tomando forma novamente. Em mim, ficou a vontade realizar algo semelhante em breve, mas quem sabe passando por cima do caos nas alturas dos prédios.

Com os braços abertos para o meu Brasil. Foto: Chloé Barbadour