9 de set. de 2016

O queijo e o Baguette Francês – As boas vindas

Chegada no Aeroporto de Paris, tramites burocráticos comuns das viagens internacionais, aqueles pequenos momentos perdido buscando a estação de trem dentro do aeroporto. Francês pra lá, ticket pra cá e tudo resolvido. O combinado era encontrar o Nathan na estação Saint Rémy les Chevreuse. De lá seguiríamos por mais 6 horas até a cidade de Millau – Cidade sede do Natural Games 2016. Não foi difícil encontra-lo, chegamos juntos na estação. Sorrisos e um forte abraço de amigo e fomos para sua casa/carro. As boas vindas, uma típica baguete francesa e um queijo Camembert. E assim dava início minha viagem pela cultura, montanhas e destinos deste singelo território Europeu.

Chegamos tarde, era noite no acampamento. Tempo de cumprimentar e conhecer os que estavam acordados e armar a rede e estabelecer o local para passar a noite e a semana.

Antes mesmo que o evento desse início, já pude sentir a rotina de atividades dentro do acampamento. Por volta das 7 horas da manhã o grupo do Base Jump se reunia para o salto de café da manhã. Destino, um dos dois grandes viadutos perfeitos para os amantes da queda livre. Ao retornarem o restante do grupo já se encontrava desperto, para então de fato comerem algo e iniciarem as atividades de preparação relacionadas ao slackline.

Cheguei três dias antes do início oficial do evento. Objetivo era aproveitar o clima de preparação, conhecer o pessoal e botar a mão na massa da montagem dos highlines. Adoro fazer parte da criação e sempre que possível estou envolvido nesta etapa. E esta era a primeira vez junto aos integrantes da SlackFr e outros agregados.

Fui descobrindo aos poucos que os Franceses tem um pedacinho dos Brasileiros, ou seriam os Brasileiros que teriam um pouco dos Franceses. Bom, não sei ao certo. Mas o que pude constatar é que organização e delegação de tarefa não combina muito bem com seus hábitos. São extremamente hiperativos, haja visto a quantidade de coisas que realizam em um dia. Base Jump pela manhã, montagem de highlines e escalada durante o dia, Parapente ou outro salto de Base Jump no final do dia e a famosa taça de vinho antes de dormir. Mas tudo isso motivado pelos prazeres e obrigações. Costuma funcionar muito bem pelo visto.

É admirável este espírito de aventura e paixão pelas atividades ao ar livre. Em poucos dias já pude entender um pouco, porque eles são pioneiros e extremamente criativos em seus projetos. Pessoas agradáveis, com espirito livre e sempre dispostas a compartilhar uma aventura ou roubada.

O Natural Games é um evento consagrado no Sul da França. Ele acontece no início do verão e atrai uma multidão para a cidade de Millau. Jovens, estudantes, atletas, interessados, moradores e desinformados. As pessoas se amontoam em barracas colocadas em qualquer gramado, na beira do rio ou em seus carros (cultura europeia de viver em vans). Todos atraídos por um evento recheado de competições nas modalidades de escalada, caiaque, parapente, MTB enduro, MTB Slopestyle, Slackline, Dragon Boat, durante três dias. Complementando os esportes, todas as noites colocam em seu palco principal músicos conhecidos para embalar ainda mais o público. A festa começa não tendo hora pra acabar.




O highline não é uma modalidade competitiva, mas é parte integrante dessa grande festa. As linhas (highlines), são montadas em uma região chamada Gorges de La Jonte, localizada 30 minutos de carro de Millau, uma pequena e típica vila Francesa. Depois dos trajeto de carro é preciso mais uma caminhada de uma hora até as falésias escolhidas pelos praticantes do equilíbrio.






A montagem dos highlines durou cerca de dois dias. Um grupo formado por aproximadamente doze a quinze pessoas, carregou e se encarregou de montar as 8 linhas, com distâncias variando entre 20 metros a 170 metros de distância.

O local escolhido é magnífico. A rocha predominante, calcário, esculpe torres e condições perfeitas para o highline. A região é muito conhecida pela qualidade das vias de escalada, principalmente, com inúmeros guias e opções para todos os níveis. Recentemente vem sendo bastante frequentada por praticantes de highline da França e da Europa.

Uma ressalva. O highline por ser uma prática nova, encontra certos empecilios nesta região, que é um parque nacional e santuário de aves da família dos “urubus”. A associação de proteção aos pássaros impões severas restrições há montagem dos highlines. Tais como, a desmontagem das maiores linhas durante a noite (realizada na via de 170 metros) e a sinalização dos highlines com a  instalação fitas de segurança/isolamento a cada 10 metros de distância em cada highline. Estas restrições juntamente ao acesso difícil de certas linhas, impossibilitaram a montagem de um highline de 700 metros que havia sido planejado.

Sendo estas as condições cabia a nós praticantes aceitar e nos divertir no que estava a nossa disposição. Foram ótimos dias de muito highline. Tempo bom, primeiras experiências em terras francesas e sempre um grande aprendizado para a vida. Estava novamente dedicando grande parte do meu tempo para andar e praticar slackline. Trazendo uma conexão muito forte com o momento presente, minhas reflexões pessoas e minha eterna busca por equilíbrio. “A jornada de mil quilômetros começa com uma passo” Lao-Tsé.

Também estive em contato com grandes amigos que venho cultivando em minhas viagens pela Europa. O coração e a cabeça ficam muito calmos e felizes quando estou ao redor deste único e incrível grupo, pura energia é o que nos move. Presentes no evento praticantes do Canadá, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Dinamarca, Espanha, Áustria, Brasil, Holanda, Estados Unidos, Estônia e Chile. Uma verdadeira confraternização entre nações e culturas distintas.






Com característica competitiva, o Natural Games, não deixaria de fora a modalidade do trickline. As disputas foram divididas em duas modalidades, melhor manobra e performance geral. Ambas contavam com seleto grupo de competidores de altíssimo nível. Foi ótimo assistir e presenciar a evolução dessa modalidade acrobática e tão impressionante do esporte. Trazendo uma plateia enorme para as finais. Feliz de mais em ver o esporte, slackline, trazendo mais holofotes para esta arte do equilíbrio tão bonita e inspiradora.

A área do festival era uma arena, com stands de marcas expondo seus produtos, barracas de comida e bebida em contraste com diversos slacklines e waterlines espalhados em um terreno ao lado do rio no formato de uma pequena ilha. Sem dúvidas Millau é a capital dos esportes de aventura no sul da França.





Millau: Cidade situada na região sul da França, atrai praticantes de parapente, escalada, caiaque, mountain bike, highline, base jumpers e muitos outros esportes. Com cliffs, viadutos gigantes, rios e montanhas em todas as direções oferece o playground perfeito para os amantes da natureza e suas práticas extremas. Aliado ao incentivo da cidade e a hospitalidade dos habitantes é um destino perfeito aos aventureiros.





24 de jun. de 2016

Por la Vie sur un fil - Euro 2016

"Alimente apenas amor em seu coração. Quanto maior for sua aliança com o bem, maior será o bem em sua vida."
Paramahansa Yogananda

O que é viver plenamente? É possível viver em equilíbrio?

São essas e outras muitas perguntas que me fazem refletir diariamente, na vida ou no slackline. O ano de 2016 tem sido uma aventura e tanto. Passos e quedas tem me levado a lugares incríveis. Despertando profundas reflexões. Culturas, pessoas e compartilhamento são a base desse caldeirão cultural itinerante.

Nessa busca incessante por um estado, não é o fim nem a jornada a grande satisfação. A realização esta na energia que move, no seu fluxo. 

Tive o prazer de cruzar os mares e terras até chegar a Europa e até mesmo na China. Estive na companhia de grandes amigos em viagens recentes. Ícones do slackline. Mais do que isso, pessoas extraordinárias. A proximidade e a verdadeira integração com esse grupo me fascina, me conduz a um EU profundo, calmo, pleno. Foi nesse estado de contemplação que tomei a decisão de passar algumas semanas na Europa, mais especificamente na França. Vivo o mundo assim.

A viagem para a França surgiu de uma vontade anterior de conhecer o País juntamente aos laços de amizade que cultivo entre os amigos que lá vivem. Adoraria visitá-los, visto que na última ida a Europa acabei não conseguindo. 

A França hoje tem os praticantes melhores e mais regulares praticantes do mundo no highline. Grandes travessias foram e continuam sendo estabelecidas em suas montanhas e vales. São muitos nomes que figuram entre os atuais recordistas mundiais da modalidade. Então pensei. Se for pra treinar, que seja na França. E aqui vamos nós. 

No último evento em Florianópolis conheci um grande novo amigo, o Pablo, um jovem Francês extremamente habilidoso. Ele também é integrante da equipe profissional da Balance Community juntamente comigo e outros atletas de todo mundo. Juntos, já planejamos alguns projetos e estamos prontos para novas possibilidades, tudo regado a muito sol no verão do hemisfério norte.

É mais uma viagem sem muitas amarras, livre e desimpedida. Tenho alguns destinos fixos como Millau e Grenoble e uma posterior viagem a Polônia para a oitava edição do UHF (Urban Highline Festival). Fora estas pequenas paradas o resto é no improviso do momento e as possibilidades que forem surgindo junto aos amigos.

O período total da viagem continua incerto. Talvez 3 meses, podendo se estender até o ano que vem. De fato, esta incerteza me intriga e encanta. A possibilidade de viver sem controlar as rédeas é desafiadora. Será que mantenho o equilíbrio?

Deixo amigos e grandes paixões em minha amada Florianópolis. Mas a certeza é que o melhor delas eu carrego comigo. A energia. Busco voltar ainda mais equilibrado, não só no slackline, mas principalmente no campo espiritual e energético.

Que os desequilíbrios tragam reflexões, que a reflexão traga equilíbrio. E que esse ritmo siga o fluxo da respiração.

Nos vemos em breve.



Obrigado aos indivíduos e empresas que contribuem diretamente no sustento dessa paixão. Meu muito obrigado.

16 de jun. de 2016

URUBICI - Sem sonhos, não há como andar nas nuvens

Após um período desfrutando das belezas de São Paulo, retornei a minha querida Florianópolis. A estada na ilha não seria muito longa, as belezas da serra catarinense estavam esperando.

Não poderia pedir uma vida melhor, tendo a natureza como meu grande Guru!




Em dois dias o Jerry estaria vindo dos Estados Unidos para um visita rápida. Não seria uma visita qualquer, nessa pequena passagem por terras Brasileiras o objetivo claro de ser eficiente e colocar os sonhos no campo real era o guia.

Seriam quatro dias intensos. Neles estavam incubidas as tarefas de resgatá-lo no aeroporto, organizar os equipamentos, juntar os tripulantes da missão, colocar as ideias do vídeo em prática, ir para um local remoto na serra catarinense, pegar a chave da cabana, abrir um highline, andar no highline, desmontar, voltar a ilha e não perder o avião. Agenda apertada, e energia a toda.

Saímos da ilha com a ideia de pegar o final de tarde na pequena cabana em cima da montanha. Porém mesmo com o grande planejamento prévio e uma pequena equipe de 5 pessoas, não foi tão fácil seguir os horários.

Nesse meio desse caminho a ficha ia começando a cair. Em poucas horas eu estaria não somente praticando highline no meu local dos sonhos, nada mais nada menos estava prestes a dividir este projeto e minha grande paixão com o meu grande mentor e inspiração Jerry Miszewski. Uma pessoal que sempre esteve solícita e cordial a questionamentos, entregue de cabeça e alma a esta nova comunidade de apaixonados pelo equilíbrio. No mais novo capítulo do criador e da criatura. Toda essa admiração era traduzida em motivação e sorrisos.

Com o pessoal devidamente instalado na casa, os planos para o próximo dia estavam definidos. Acordar cedo, se alimentar e fazer as ancoragens químicas, dando sequência a montagem. Depois desse processo, chegaria o tão sonhado caminhar no abismo. Seria um sonho, ou realização?

A manhã e o cheiro do café, garantiam que a experiência era real e estava prestes a continuar.





Alguns pequenos imprevistos dificultaram um pouco a sequência das atividades. O primeiro o frio da região. Em meados de março acordar com 7 graus de temperatura deixa todo mundo um pouco mais preguiçoso. Segundo, a opção de ancoragens por chumbadores químico resultou em fracasso (a cola usada não secou por estar fora da validade) colocando em prática o plano B das ancoragens removíveis.

Esses detalhes serviram para trazer ainda mais significado. O local escolhido é um dos meus cantos preferidos no mundo. Conheci ele em uma viagem com amigos e de lá ele nunca saiu do meu imaginário. Tudo que envolve essa localidade me encanta. A abundância de água, a imprevisibilidade do clima, o difícil acesso, o silêncio, a música da natureza, os ventos frios e o tempo que segue seu próprio ritmo.

Em total sincronia de energia e acontecimentos, conseguimos dois dias de céu limpo e temperaturas agradáveis. Dias intensos, regados por muita evolução pessoal, bastante trabalho por todos envolvidos, uma boa quantidade de highline e reflexões de todos os tipos. Em um cenário que foge a qualquer imaginário mais um capítulo na história da vida estava sendo gravado.

Tomou forma e entre os cânions essa ponte foi criada. Estabelecendo a conexão, trazendo o equilíbrio e as lições de uma vida presente. Por muito tempo a sensação não havia sido tão intensa. O abismo estava falando e meu corpo escutando. Os movimentos buscavam manter o equilíbrio, ao procurar no ar o único meio e na fita o ensinamento.







Entre todos os passos, não há desconexão, apenas o oscilar entre o crer e sentir. Então sinta!



Fotos: Klaus Schlickmann @kschlickmann

21 de mar. de 2016

Recorde Mundial Waterline/Longline - Nylon

Como mencionado foram três dias de muito slackline e conexão. Sempre levado por uma mente calma e presente eu consegui atravessar os 290 metros de distância do waterline montado em fita de Nylon. Colocando assim mais uma grande marca no cenário mundial em travessias low tec (Fitas mais pesadas) como a travessia mais longa sobre a água neste material, tornando-se um recorde mundial de distância sobre a água e também Brasileiro e Sul Americano.

Assim que iniciei no longline, já fui logo introduzido ao nylon, material elástico e com vida própria, paixão ao primeiro passo. Sempre tive muita disposição para armar longos highlines e travessias utilizando este equipamento. Indo para o encontro de waterline, sabia que esta seria uma linha que me ensinaria muito, um daqueles brinquedos tão divertidos que é difícil de parar de brincar.

O clima de união, evolução e companheirismo dominaram e assim cada vez que eu entrei na fita pude me sentia melhor e mais presente, os passos eram firmes e tranquilos. Foi no último dia do evento, segunda-feira que eu consegui realizar a travessia sem quedas. Porém, nos dias anteriores me diverti nas diferentes condições de clima e vento que o waterline estava sujeito.

Na noite de domingo eu fui para a cidade, pois tinha alguns afazeres em São Paulo. Depois de muito suor caminhando pelo centro da babilônia me encontrei com o Guilherme Coury, Maraue e Nicole e fomos para a represa desarmar e curtir mais um pouco.

Chegando lá vimos que o pessoal estava cada vez mais familiarizado com estes longos waterlines, caminhando, caindo se levantando e curtindo. O sorriso estampado na cara de todos era o retrato de um belo dia entre pessoas que amam o que fazem.

Logo chegou minha vez de tentar os 290 de distância por 13 metros de altura. Era a minha sétima entrada na fita. Eu de fato não tinha preocupações e pressão pessoal em cadenar (ato de atravessar sem quedas) esta via, estava muito feliz só em poder desfrutar de tamanha beleza e deste longo momento de paz interior. Cada travessia em uma direção durava em média de 20 a 35 minutos. O vento a temperatura e o cansaço do corpo eram os principais fatores a se lidar, especialmente nesta grande distância.

Subi na fita e percebi que o vento tinha cessado, a fita respondia com mais energia aos desequilíbrios. O tempo, este já não se fazia passar. A conexão era tanta, a beleza e a leveza de caminhar sobre a água faziam de cada passo um momento especial. Consegui realizar a travessia bem cansado, tinha tomado algumas quedas o que acabaram tirando toda e qualquer pressão de mandar a via, já que estava nitidamente cansado.

Me aprontei para voltar, nesse momento mais uma vez, era eu lidando com meus movimentos. Subi comecei a caminhar e fui ganhando confiança. O vento continuava soprando em rajadas, a fita ia e voltava para o lado. Me senti completamente presente, passo a passo eu me aproximava da metade da travessia, nenhuma queda. A vontade não era de chegar rápido do outro lado e completar sem nenhuma queda, a vontade era que este momento de prazer e meditação pudesse durar eternamente. Praticando então caminhei mais devagar que o costume, me desequilibrei a ponto de quase cair, porém respirei fundo e mantive o foco interno.

Fui chegando cada vez mais próximo da outra árvore e queda vez mais alto em relação a água. Sabia que neste ponto, faltando aproximadamente uns 40 metros dificilmente eu iria cair, mesmo com os braços e corpo extremamente cansados, o que estava no controle era a mente e o senso de presença. Pode pouco a pouco me aproximar da outra árvore, sentei com controle e finalizei a travessia.

Muito mais que um recorde mundial, esta travessia significa o retorno do esforço e dedicação que tenho colocado neste esporte. E sem dúvida é uma injeção de ânimos para os próximos projetos e desafios. E eu sabia hoje mais do que nunca, que nossos esforços e energias canalizadas influenciam o meio e ele nos influencia de volta. Slacklife até a morte!!!

Abaixo segue os registros efetuados pelo fotógrafo Eduardo Silva (edu2ev - 2evfotografia.com.br)


Pessoal se divertindo nas linhas menores.


300 metros de moonwalk.


N A T U R E Z A

Lado a lado duas lindas travessias.


290 metros de alegria e satisfação


20 de mar. de 2016

São Paulo - Águas de Março

O ano de 2016 tem apresentado um caráter de mudança e muito aprendizado. Embalado por este clima embarquei para São Paulo para participar e contribuir no evento Highline das Mulheres. Aproveitando a viagem a SP, fiquei por mais alguns com o objetivo curtir muitos waterlines (travessia sobre a água) no evento Ecowaterline, que além de trazer diversão aos participantes cumpre seu papel social ao promover a retirada de lixo do local do evento.

Foi entre os dias 5 e 8 de Março que a Pedreira do DIB na cidade de Mairiporã - SP foi palco para o Highline das Mulhers. O evento tinha como motim reunir um grande grupo de mulheres de todos os níveis para praticar e aprender sobre o highline. Para se comunicar e alcançar a proposta o evento contava com linhas exclusivas e com prioridades para mulheres, além de palestras e workshops.

Minha participação foi com o intuito de compartilhar informações e incitar a busca por conhecimento. Montei e apresentei uma palestra falando da história do esporte, passado e presente relacionando riscos e conhecimento e falei das minhas motivações e minha trajetória no esporte. Foi extremamente gratificante compartilhar e expor o meu posicionamento perante o Slackline. O interesse, o brilho nos olhos dos ouvinte e as perguntas, são uma fonte de motivação contínua.

A pedreira com seu formato quase circular proporcionam uma infinidade de highlines e vias de escalada. Além disso, conta com um lago no centro, palco para o space waterline que garante a diversão nos dias quentes.

Fora a área dos highlines, os participantes tinham o camping e a área social em uma casa ao lado da entrada da pedreira, contando com toda estrutura para acomodar e receber as pessas. Foram dias de muita festa, alegria, aprendizado e diversão. Sempre regados a muita adrenalina e superação que comumente era refrescada por aquele chuva no final do dia, famosa água de março.

Abaixo segue alguns registros efetuados pelo fotógrafo Eduardo Silva (edu2ev - 2evfotografia.com.br)


Ray curtindo e se conectando.

Evelyn concentrada no próximo passo.

Aline tranquila na fita.
Clima de alegria e descontração entre os participantes.

Space waterline - muito requisitado nos dias de calor, trazendo muita diversão e desafio.




Aproveitando e batendo continência a todas a mulheres que fazem bonito no esporte e na vida.
Dando continuidade a semana na capital paulista, na sexta feira 11 de março embarcamos em direção a represa de Mairiporã, um pouco mais afastada que a pedreira do DIB tendo como referência de partida a cidade de São Paulo. Lá seria organizado o primeiro festival de waterline do Brasil nomeado de EcoWaterline. O festival propunha aos participantes a taxa de uma sacola de lixo recolhido, assim, além de aproveitarmos as belezas e clima na natureza, ao sair deixamos o local mais limpo e mais agradável. É uma maneira de educar através do exemplo o grande descaso do ser humano com a manutenção do meio natural. O homem esta cada vez mais capaz de usar e sujar de maneira indiscriminada estes belos locais sem preocupação alguma com o dia de amanhã.

Ao chegar fomos dar atenção ao nosso acampamento, escolhido o local, dois ficaram responsáveis pelo acampamento e os outros dois foram armar os waterlines. O local é em uma represa de águas limpas com uma enorme quantidade de árvores, todas eucaliptos. Essa espécie é muito forte e tem grande altura, tornando-se uma ancoragem perfeita para as fitas de slackline. A disposição do local na represa proporciona uma infinidade de opções para os waterlines, mas acima de tudo é uma paraíso para travessias acima de 300 metros em distância, é isso mesmo 300.

Com um grupo de 4 pessoas conseguimos no primeiro dia praticamente completar a montagem de 4 waterlines; dois de 300 metros um de 90 e outro de 60. No dia seguinte, quando oficialmente se iniciava o evento, demos início ao recolhimento do lixo. Em pouco mais de uma hora já havíamos esgotado nossos sacos, tamanha a sujeira e quantidade de objetos deixados no local. Foram aproximadamente 40 sacolas de lixo grande recolhidas durante os três dias de festival.

A região do festival sofria de um longo período de chuvas, porém o sol nos presenteou com três belos dias. Todos os presentes puderem se divertir e testar seus limites na modalidade do waterline, que a meu ver é a mais difícil, devido a ilusão de movimento causado pela água.

As linhas de 290 (montada em nylon - Fita T18) e de 300 (montada em high tech - Fita Moonwalk) foram a grande atração. Ancoradas a 13 e 9 metros respectivamente, estes waterlines contavam com leash (corda de segurança) e muitos metros de travessia. Alguns conseguiram atravessar toda a extensão e muitos puderam se divertir indo até seus limites. A montagem destas travessias com a corda de segurança (evitar a queda na água) proporcionou as pessoa se conectarem e tentarem por um maior tempo. 

Foi bonito de ver, fitas longas esticadas, muita ação e conexão junto a natureza. Isso se refletiu diretamente no desempenho e evolução do pessoal. Uma das fitas montadas, se atravessada sem quedas, se tornaria um recorde mundial de distância utilizando nylon (diferenciação de recordes por material). Além dessa grande marca, são pouquíssimas pessoas que completaram travessias com 300 ou mais metros em todo o mundo. A distância é muito impressionante, facilmente você perde a noção de escala quando alguém esta na fita.

Agradeço a mais três dias de evento maravilhosos. Consegui passar muito tempo no slackline, acima de tudo me divertindo e curtindo a natureza de uma perspectiva única. As sensações foram diversas. Me conectei ainda mais com meu eu, cheguei mais perto de alguns sonhos e alimentei tantos outros. Mudei. Sai deste evento mais confiante, sorridente e alegre. 

Neste clima de conexão e boas energias, consegui superar os pensamentos e me conectei ao presente. E assim, passo por passo cheguei ao outro lado. 

Bom, a história continua.... Deixo (AQUI) o link com a continuação do relato.