24 de jun. de 2016

Por la Vie sur un fil - Euro 2016

"Alimente apenas amor em seu coração. Quanto maior for sua aliança com o bem, maior será o bem em sua vida."
Paramahansa Yogananda

O que é viver plenamente? É possível viver em equilíbrio?

São essas e outras muitas perguntas que me fazem refletir diariamente, na vida ou no slackline. O ano de 2016 tem sido uma aventura e tanto. Passos e quedas tem me levado a lugares incríveis. Despertando profundas reflexões. Culturas, pessoas e compartilhamento são a base desse caldeirão cultural itinerante.

Nessa busca incessante por um estado, não é o fim nem a jornada a grande satisfação. A realização esta na energia que move, no seu fluxo. 

Tive o prazer de cruzar os mares e terras até chegar a Europa e até mesmo na China. Estive na companhia de grandes amigos em viagens recentes. Ícones do slackline. Mais do que isso, pessoas extraordinárias. A proximidade e a verdadeira integração com esse grupo me fascina, me conduz a um EU profundo, calmo, pleno. Foi nesse estado de contemplação que tomei a decisão de passar algumas semanas na Europa, mais especificamente na França. Vivo o mundo assim.

A viagem para a França surgiu de uma vontade anterior de conhecer o País juntamente aos laços de amizade que cultivo entre os amigos que lá vivem. Adoraria visitá-los, visto que na última ida a Europa acabei não conseguindo. 

A França hoje tem os praticantes melhores e mais regulares praticantes do mundo no highline. Grandes travessias foram e continuam sendo estabelecidas em suas montanhas e vales. São muitos nomes que figuram entre os atuais recordistas mundiais da modalidade. Então pensei. Se for pra treinar, que seja na França. E aqui vamos nós. 

No último evento em Florianópolis conheci um grande novo amigo, o Pablo, um jovem Francês extremamente habilidoso. Ele também é integrante da equipe profissional da Balance Community juntamente comigo e outros atletas de todo mundo. Juntos, já planejamos alguns projetos e estamos prontos para novas possibilidades, tudo regado a muito sol no verão do hemisfério norte.

É mais uma viagem sem muitas amarras, livre e desimpedida. Tenho alguns destinos fixos como Millau e Grenoble e uma posterior viagem a Polônia para a oitava edição do UHF (Urban Highline Festival). Fora estas pequenas paradas o resto é no improviso do momento e as possibilidades que forem surgindo junto aos amigos.

O período total da viagem continua incerto. Talvez 3 meses, podendo se estender até o ano que vem. De fato, esta incerteza me intriga e encanta. A possibilidade de viver sem controlar as rédeas é desafiadora. Será que mantenho o equilíbrio?

Deixo amigos e grandes paixões em minha amada Florianópolis. Mas a certeza é que o melhor delas eu carrego comigo. A energia. Busco voltar ainda mais equilibrado, não só no slackline, mas principalmente no campo espiritual e energético.

Que os desequilíbrios tragam reflexões, que a reflexão traga equilíbrio. E que esse ritmo siga o fluxo da respiração.

Nos vemos em breve.



Obrigado aos indivíduos e empresas que contribuem diretamente no sustento dessa paixão. Meu muito obrigado.

16 de jun. de 2016

URUBICI - Sem sonhos, não há como andar nas nuvens

Após um período desfrutando das belezas de São Paulo, retornei a minha querida Florianópolis. A estada na ilha não seria muito longa, as belezas da serra catarinense estavam esperando.

Não poderia pedir uma vida melhor, tendo a natureza como meu grande Guru!




Em dois dias o Jerry estaria vindo dos Estados Unidos para um visita rápida. Não seria uma visita qualquer, nessa pequena passagem por terras Brasileiras o objetivo claro de ser eficiente e colocar os sonhos no campo real era o guia.

Seriam quatro dias intensos. Neles estavam incubidas as tarefas de resgatá-lo no aeroporto, organizar os equipamentos, juntar os tripulantes da missão, colocar as ideias do vídeo em prática, ir para um local remoto na serra catarinense, pegar a chave da cabana, abrir um highline, andar no highline, desmontar, voltar a ilha e não perder o avião. Agenda apertada, e energia a toda.

Saímos da ilha com a ideia de pegar o final de tarde na pequena cabana em cima da montanha. Porém mesmo com o grande planejamento prévio e uma pequena equipe de 5 pessoas, não foi tão fácil seguir os horários.

Nesse meio desse caminho a ficha ia começando a cair. Em poucas horas eu estaria não somente praticando highline no meu local dos sonhos, nada mais nada menos estava prestes a dividir este projeto e minha grande paixão com o meu grande mentor e inspiração Jerry Miszewski. Uma pessoal que sempre esteve solícita e cordial a questionamentos, entregue de cabeça e alma a esta nova comunidade de apaixonados pelo equilíbrio. No mais novo capítulo do criador e da criatura. Toda essa admiração era traduzida em motivação e sorrisos.

Com o pessoal devidamente instalado na casa, os planos para o próximo dia estavam definidos. Acordar cedo, se alimentar e fazer as ancoragens químicas, dando sequência a montagem. Depois desse processo, chegaria o tão sonhado caminhar no abismo. Seria um sonho, ou realização?

A manhã e o cheiro do café, garantiam que a experiência era real e estava prestes a continuar.





Alguns pequenos imprevistos dificultaram um pouco a sequência das atividades. O primeiro o frio da região. Em meados de março acordar com 7 graus de temperatura deixa todo mundo um pouco mais preguiçoso. Segundo, a opção de ancoragens por chumbadores químico resultou em fracasso (a cola usada não secou por estar fora da validade) colocando em prática o plano B das ancoragens removíveis.

Esses detalhes serviram para trazer ainda mais significado. O local escolhido é um dos meus cantos preferidos no mundo. Conheci ele em uma viagem com amigos e de lá ele nunca saiu do meu imaginário. Tudo que envolve essa localidade me encanta. A abundância de água, a imprevisibilidade do clima, o difícil acesso, o silêncio, a música da natureza, os ventos frios e o tempo que segue seu próprio ritmo.

Em total sincronia de energia e acontecimentos, conseguimos dois dias de céu limpo e temperaturas agradáveis. Dias intensos, regados por muita evolução pessoal, bastante trabalho por todos envolvidos, uma boa quantidade de highline e reflexões de todos os tipos. Em um cenário que foge a qualquer imaginário mais um capítulo na história da vida estava sendo gravado.

Tomou forma e entre os cânions essa ponte foi criada. Estabelecendo a conexão, trazendo o equilíbrio e as lições de uma vida presente. Por muito tempo a sensação não havia sido tão intensa. O abismo estava falando e meu corpo escutando. Os movimentos buscavam manter o equilíbrio, ao procurar no ar o único meio e na fita o ensinamento.







Entre todos os passos, não há desconexão, apenas o oscilar entre o crer e sentir. Então sinta!



Fotos: Klaus Schlickmann @kschlickmann