Assim que iniciei no longline, já fui logo introduzido ao nylon, material elástico e com vida própria, paixão ao primeiro passo. Sempre tive muita disposição para armar longos highlines e travessias utilizando este equipamento. Indo para o encontro de waterline, sabia que esta seria uma linha que me ensinaria muito, um daqueles brinquedos tão divertidos que é difícil de parar de brincar.
O clima de união, evolução e companheirismo dominaram e assim cada vez que eu entrei na fita pude me sentia melhor e mais presente, os passos eram firmes e tranquilos. Foi no último dia do evento, segunda-feira que eu consegui realizar a travessia sem quedas. Porém, nos dias anteriores me diverti nas diferentes condições de clima e vento que o waterline estava sujeito.
Na noite de domingo eu fui para a cidade, pois tinha alguns afazeres em São Paulo. Depois de muito suor caminhando pelo centro da babilônia me encontrei com o Guilherme Coury, Maraue e Nicole e fomos para a represa desarmar e curtir mais um pouco.
Chegando lá vimos que o pessoal estava cada vez mais familiarizado com estes longos waterlines, caminhando, caindo se levantando e curtindo. O sorriso estampado na cara de todos era o retrato de um belo dia entre pessoas que amam o que fazem.
Logo chegou minha vez de tentar os 290 de distância por 13 metros de altura. Era a minha sétima entrada na fita. Eu de fato não tinha preocupações e pressão pessoal em cadenar (ato de atravessar sem quedas) esta via, estava muito feliz só em poder desfrutar de tamanha beleza e deste longo momento de paz interior. Cada travessia em uma direção durava em média de 20 a 35 minutos. O vento a temperatura e o cansaço do corpo eram os principais fatores a se lidar, especialmente nesta grande distância.
Subi na fita e percebi que o vento tinha cessado, a fita respondia com mais energia aos desequilíbrios. O tempo, este já não se fazia passar. A conexão era tanta, a beleza e a leveza de caminhar sobre a água faziam de cada passo um momento especial. Consegui realizar a travessia bem cansado, tinha tomado algumas quedas o que acabaram tirando toda e qualquer pressão de mandar a via, já que estava nitidamente cansado.
Me aprontei para voltar, nesse momento mais uma vez, era eu lidando com meus movimentos. Subi comecei a caminhar e fui ganhando confiança. O vento continuava soprando em rajadas, a fita ia e voltava para o lado. Me senti completamente presente, passo a passo eu me aproximava da metade da travessia, nenhuma queda. A vontade não era de chegar rápido do outro lado e completar sem nenhuma queda, a vontade era que este momento de prazer e meditação pudesse durar eternamente. Praticando então caminhei mais devagar que o costume, me desequilibrei a ponto de quase cair, porém respirei fundo e mantive o foco interno.
Fui chegando cada vez mais próximo da outra árvore e queda vez mais alto em relação a água. Sabia que neste ponto, faltando aproximadamente uns 40 metros dificilmente eu iria cair, mesmo com os braços e corpo extremamente cansados, o que estava no controle era a mente e o senso de presença. Pode pouco a pouco me aproximar da outra árvore, sentei com controle e finalizei a travessia.
Muito mais que um recorde mundial, esta travessia significa o retorno do esforço e dedicação que tenho colocado neste esporte. E sem dúvida é uma injeção de ânimos para os próximos projetos e desafios. E eu sabia hoje mais do que nunca, que nossos esforços e energias canalizadas influenciam o meio e ele nos influencia de volta. Slacklife até a morte!!!
Abaixo segue os registros efetuados pelo fotógrafo Eduardo Silva (edu2ev - 2evfotografia.com.br)
Pessoal se divertindo nas linhas menores. |
300 metros de moonwalk. |
N A T U R E Z A |
Lado a lado duas lindas travessias. |
290 metros de alegria e satisfação |
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