Após um período desfrutando das belezas de São Paulo,
retornei a minha querida Florianópolis. A estada na ilha não seria muito longa,
as belezas da serra catarinense estavam esperando.
Não poderia pedir uma vida melhor, tendo a natureza como meu grande Guru!
Em dois dias o Jerry estaria vindo dos Estados Unidos para
um visita rápida. Não seria uma visita qualquer, nessa pequena passagem por
terras Brasileiras o objetivo claro de ser eficiente e colocar os sonhos no
campo real era o guia.
Seriam quatro dias intensos. Neles estavam incubidas as
tarefas de resgatá-lo no aeroporto, organizar os equipamentos, juntar os
tripulantes da missão, colocar as ideias do vídeo em prática, ir para um local
remoto na serra catarinense, pegar a chave da cabana, abrir um highline, andar
no highline, desmontar, voltar a ilha e não perder o avião. Agenda apertada, e
energia a toda.
Saímos da ilha com a ideia de pegar o final de tarde na
pequena cabana em cima da montanha. Porém mesmo com o grande planejamento
prévio e uma pequena equipe de 5 pessoas, não foi tão fácil seguir os horários.
Nesse meio desse caminho a ficha ia começando a cair. Em
poucas horas eu estaria não somente praticando highline no meu local dos
sonhos, nada mais nada menos estava prestes a dividir este projeto e minha
grande paixão com o meu grande mentor e inspiração Jerry Miszewski. Uma pessoal
que sempre esteve solícita e cordial a questionamentos, entregue de cabeça e
alma a esta nova comunidade de apaixonados pelo equilíbrio. No mais novo
capítulo do criador e da criatura. Toda essa admiração era traduzida em
motivação e sorrisos.
Com o pessoal devidamente instalado na casa, os planos para
o próximo dia estavam definidos. Acordar cedo, se alimentar e fazer as
ancoragens químicas, dando sequência a montagem. Depois desse processo,
chegaria o tão sonhado caminhar no abismo. Seria um sonho, ou realização?
Alguns pequenos imprevistos dificultaram um pouco a
sequência das atividades. O primeiro o frio da região. Em meados de março
acordar com 7 graus de temperatura deixa todo mundo um pouco mais preguiçoso.
Segundo, a opção de ancoragens por chumbadores químico resultou em fracasso (a
cola usada não secou por estar fora da validade) colocando em prática o plano B
das ancoragens removíveis.
Esses detalhes serviram para trazer ainda mais significado.
O local escolhido é um dos meus cantos preferidos no mundo. Conheci ele em uma
viagem com amigos e de lá ele nunca saiu do meu imaginário. Tudo que envolve
essa localidade me encanta. A abundância de água, a imprevisibilidade do clima,
o difícil acesso, o silêncio, a música da natureza, os ventos frios e o tempo
que segue seu próprio ritmo.
Em total sincronia de energia e acontecimentos, conseguimos
dois dias de céu limpo e temperaturas agradáveis. Dias intensos, regados por
muita evolução pessoal, bastante trabalho por todos envolvidos, uma boa
quantidade de highline e reflexões de todos os tipos. Em um cenário que foge a
qualquer imaginário mais um capítulo na história da vida estava sendo gravado.
Tomou forma e entre os cânions essa ponte foi criada.
Estabelecendo a conexão, trazendo o equilíbrio e as lições de uma vida
presente. Por muito tempo a sensação não havia sido tão intensa. O abismo
estava falando e meu corpo escutando. Os movimentos buscavam manter o
equilíbrio, ao procurar no ar o único meio e na fita o ensinamento.
Nossa que narrativa incrível, gostosa de ler e sensorial,quase como estar lá "A manhã e o cheiro do café, garantiam que a experiência era real e estava prestes a continuar".
ResponderExcluirslackfamily
Muito obrigado. Extremamente gratificante conseguir cativar o leitor com estas singelas palavras.
ExcluirVc escreve muito bem Rafa! Que maravilha de lugar. E parabéns pelo highline!
ExcluirObrigado Leandro. Feliz que gostou da leitura.
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