16 de jun. de 2016

URUBICI - Sem sonhos, não há como andar nas nuvens

Após um período desfrutando das belezas de São Paulo, retornei a minha querida Florianópolis. A estada na ilha não seria muito longa, as belezas da serra catarinense estavam esperando.

Não poderia pedir uma vida melhor, tendo a natureza como meu grande Guru!




Em dois dias o Jerry estaria vindo dos Estados Unidos para um visita rápida. Não seria uma visita qualquer, nessa pequena passagem por terras Brasileiras o objetivo claro de ser eficiente e colocar os sonhos no campo real era o guia.

Seriam quatro dias intensos. Neles estavam incubidas as tarefas de resgatá-lo no aeroporto, organizar os equipamentos, juntar os tripulantes da missão, colocar as ideias do vídeo em prática, ir para um local remoto na serra catarinense, pegar a chave da cabana, abrir um highline, andar no highline, desmontar, voltar a ilha e não perder o avião. Agenda apertada, e energia a toda.

Saímos da ilha com a ideia de pegar o final de tarde na pequena cabana em cima da montanha. Porém mesmo com o grande planejamento prévio e uma pequena equipe de 5 pessoas, não foi tão fácil seguir os horários.

Nesse meio desse caminho a ficha ia começando a cair. Em poucas horas eu estaria não somente praticando highline no meu local dos sonhos, nada mais nada menos estava prestes a dividir este projeto e minha grande paixão com o meu grande mentor e inspiração Jerry Miszewski. Uma pessoal que sempre esteve solícita e cordial a questionamentos, entregue de cabeça e alma a esta nova comunidade de apaixonados pelo equilíbrio. No mais novo capítulo do criador e da criatura. Toda essa admiração era traduzida em motivação e sorrisos.

Com o pessoal devidamente instalado na casa, os planos para o próximo dia estavam definidos. Acordar cedo, se alimentar e fazer as ancoragens químicas, dando sequência a montagem. Depois desse processo, chegaria o tão sonhado caminhar no abismo. Seria um sonho, ou realização?

A manhã e o cheiro do café, garantiam que a experiência era real e estava prestes a continuar.





Alguns pequenos imprevistos dificultaram um pouco a sequência das atividades. O primeiro o frio da região. Em meados de março acordar com 7 graus de temperatura deixa todo mundo um pouco mais preguiçoso. Segundo, a opção de ancoragens por chumbadores químico resultou em fracasso (a cola usada não secou por estar fora da validade) colocando em prática o plano B das ancoragens removíveis.

Esses detalhes serviram para trazer ainda mais significado. O local escolhido é um dos meus cantos preferidos no mundo. Conheci ele em uma viagem com amigos e de lá ele nunca saiu do meu imaginário. Tudo que envolve essa localidade me encanta. A abundância de água, a imprevisibilidade do clima, o difícil acesso, o silêncio, a música da natureza, os ventos frios e o tempo que segue seu próprio ritmo.

Em total sincronia de energia e acontecimentos, conseguimos dois dias de céu limpo e temperaturas agradáveis. Dias intensos, regados por muita evolução pessoal, bastante trabalho por todos envolvidos, uma boa quantidade de highline e reflexões de todos os tipos. Em um cenário que foge a qualquer imaginário mais um capítulo na história da vida estava sendo gravado.

Tomou forma e entre os cânions essa ponte foi criada. Estabelecendo a conexão, trazendo o equilíbrio e as lições de uma vida presente. Por muito tempo a sensação não havia sido tão intensa. O abismo estava falando e meu corpo escutando. Os movimentos buscavam manter o equilíbrio, ao procurar no ar o único meio e na fita o ensinamento.







Entre todos os passos, não há desconexão, apenas o oscilar entre o crer e sentir. Então sinta!



Fotos: Klaus Schlickmann @kschlickmann

4 comentários:

  1. Nossa que narrativa incrível, gostosa de ler e sensorial,quase como estar lá "A manhã e o cheiro do café, garantiam que a experiência era real e estava prestes a continuar".
    slackfamily

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    1. Muito obrigado. Extremamente gratificante conseguir cativar o leitor com estas singelas palavras.

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    2. Vc escreve muito bem Rafa! Que maravilha de lugar. E parabéns pelo highline!

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    3. Obrigado Leandro. Feliz que gostou da leitura.

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